sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Reflexão








ESPORTE
COMPETITIVO





ELCIO MARQUES,
Belo Horizonte - MG.

Desde que virou um negócio, o esporte complicou a saúde de muitas pessoas. Distorceu-se o conceito de que está ligado unicamente à saúde.

"Se considerarmos as estatísticas de lesões e problemas físicos, a maioria deles no próprio aparelho locomotor, os indivíduos que praticam esporte competitivo têm uma incidência muito maior. Pior do que isso é que, na terceira idade, eles carregam seqüelas que se distanciam muito do conceito de vida saudável. (...) Na realidade, a principal razão para isso ser verdadeiro é que quando o objetivo é a competição, claramente não se busca saúde. A busca é por dinheiro. E é isso que faz com que se tornem necessárias sérias concessões em termos de saúde".

Quem disse isso foi o fisiologista e coordenador do Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte (CEMAFE) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Turíbio Leite de Barros.

Vale tudo para conseguir um contrato milionário, palestras, publicidade, direitos de transmissão... e a saúde que se dane!

Para conseguir uma medalha, o excesso exigido do organismo de atleta chega às raias do absurdo! É uma característica geral do esporte competitivo e acontece somente nesse ambiente onde o que vale mais é "ultrapassar os limites existentes".

A atividade física intensa modifica a fisiologia do organismo de uma forma completamente diferente da atividade moderada. O excesso de atividade física e a restrição alimentar que o treinamento normal exige terminam por suprimir a função reprodutiva - 25% das meninas atletas não mestruam (comparado com 2 a 5% das adolescentes em geral que não menstruam, o número é significativamente elevado).

Os níveis de estrógeno e progesterona se alteram, o que pode levar os ossos das meninas a enfraquecer. Os atletas homens, por sua vez, também têm complicações pelo excesso de exercício físico, embora curiosamente menos estudadas e mais facilmente reversíveis.

Ciclistas, por exemplo, têm a motilidade do espermatozóide comprometida pelo estresse mecânico do banco da bicicleta. Em geral, os homens atletas também podem apresentar enfraquecimento ósseo como as meninas, mas por outra via relacionada a menor produção de testosterona que o excesso de atividade traz.

Como é do conhecimento atual, sabemos que alguns atletas chegam a fazer uso de drogas (doping) no afã de superar sua própria capacidade física e romper limites, e é deste modo irresponsável e consciente, que põem em risco a saúde e até mesmo a vida.

Esporte competitivo é profissão, dor, dedicação, estresse, desgaste físico e emocional. "A dor faz parte do meu uniforme", dizia o jogador de basquete Oscar, ídolo nacional e um dos mais respeitados atletas de todos os tempos.

Tal situação nada tem a ver com melhoria da qualidade de vida. Vivemos a "era da cultura do corpo físico perfeito", cuja busca muitas vezes esconde interesses inconfessáveis. Trata-se de lamentável materialismo, oposto à educação do espírito.

Quais serão as conseqüências espirituais para este abuso do corpo físico, para esta busca desenfreada do auge olímpico a qualquer custo? Que deduções tiramos da vida?

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