segunda-feira, 18 de maio de 2009

PERGUNTAR NÃO OFENDE...


O QUE O ESPIRITISMO TEM A VER COM A "DIVINDADE" QUE OS ESPÍRITAS CATÓLICOS TEIMAM EM ATRIBUIR A MARIA DE NAZARÉ, MÃE DE JESUS?

SAULO AURÉLIO DA ROCHA
João Pessoa - PB

Recebi do nosso atento editor Carlos Barros alguns tópicos da polêmica questão que envolve uma música a qual atribui a Maria de Nazaré, mãe de Jesus, a mesma divindade de Deus, "a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas" (OLE).

Após ler com acuidade os referidos tópicos da polêmica que a música gerou entre companheiros das Listas Paraíba Espírita, Brasil Espírita e ABRADE, analiso a questão com sincero espírito de alteridade e absoluta certeza de que não estou sendo juiz de quem quer que seja.

Tudo começou com o fundador e presidente da Fundação Espírita Allan Kardec (FEAK), psicólogo Renato Dantas Magalhães, que enviou a música para a Lista da ABRADE, com a "intenção de homenagear todas as mães dos confrades abradeanos".

O espaço virtual administrado pela ABRADE, com as mudanças gerenciais verificadas nos últimos sete meses (pelo que estou sabendo), já "não aceita" mais esse tipo de assunto para discussões internas por achá-lo "descontextualizado dos seus relevantes projetos e de suas ações institucionais".

Logo, a meu ver, o assessor administrativo e o Colegiado Executivo deveriam tê-lo ignorado completamente depois dos esclarecimentos que fez em nome da entidade.

Quanto ao desdobramento da polêmica, no caso de ser ou não uma "divindade" a mãe de Jesus, creio que o assunto deveria ser melhor analisado pelos interessados em fazer do Espiritismo uma nova religião dogmatizada pela falta de bom senso kardequiano.

Quem começou com essa história de "Maria Santíssima" e "Divina" foi o saudoso e querido médium mineiro, Francisco Cândido Xavier. Ele que nunca escondeu sua devoção pela "Virgem" nem seu declarado amor pela Igreja Católica Apostólica Romana.

Tanto que o movimento espírita brasileiro deixou-se influenciar profundamente pelas "mineirices religiosas" do seu maior ícone. E, depois disso, os espíritas não se entenderam mais em se tratando de religiosidade e de respeito às crenças alheias.

E pelo que sei e ainda estou aprendendo com Deolindo Amorim, Herculano Pires, Ary Lex e Carlos Imbassahy (pai), o Espiritismo não proíbe a opção religiosa ou musical de quem quer que seja. Mas deixa bem claro o quanto o movimento espírita perde, e se perde, discutindo "o sexo dos anjos". Ou melhor, "a divindade" de ícones religiosos que só a Igreja Católica reconhece como verdadeira.

Não é nenhuma novidade se ouvir músicas tidas como espíritas, com indisfarçável sentido católico e evangélico, nas instituições de todo o país. Não é nenhum motivo de espanto ver rostos nimbados de luz (Joanna de Angelis, Bezerra de Menezes, Scheilla, Jesus, Maria de Nazaré, Chico Xavier, etc) em quadros adornados e colocados nas paredes de Diretorias e Secretarias de Federativas Estaduais e suas afiliadas.

É uma forma do espírita, ainda não assumido integralmente como tal, demonstrar a sua "devoção religiosa" por aqueles que acredita seja realmente "virtuosos da alma". Fazer o quê?

Ser "santo" não quer dizer que o espírito seja "puro". E no trabalho informativo e intelectual de alguns espíritos, dentro do processo codificador do Espiritismo, no século 19, Allan Kardec considerava "santo" aquele espírito virtuoso em saber, em conhecimento profundo das coisas espirituais, praticante de virtudes éticas e morais consideráveis.

Mas a maioria não estava nesse patamar espiritual. Ele sabia desse detalhe como espírito superior que era e também pela responsabilidade que carregava em sua consciência de frio e equilibrado observador das ocorrências paranormais da época.

Encerro este apontamento analítico com uma frase que considero substancialmente provocante para os espíritas que gostam de misturar tudo ao Espiritismo: "Um dia hão de se engasgar com o grão de mostarda que duvidam seja o tamanho de sua fé".

O autor da frase? Não revelo nem que o porco espirre...

Nenhum comentário: